Energia em Portugal

 

    Portugal é um país sem fontes de energia não renováveis nomeadamente, petróleo, carvão e gás natural. Por esse motivo, é um país dependente da importação de recursos energéticos, o que o coloca numa posição económica vulnerável a nível internacional. Esta vulnerabilidade nota-se particularmente em cenários de crises petrolíferas internacionais, como as que ocorreram no início da década de 1970 e mais recentemente em 2008, em que se verificou um significativo aumento do preço do barril de petróleo (DGGE 2010). Consciente desta realidade, o Governo Português adotou medidas no sentido de investir na produção de eletricidade através de fontes de energias renováveis. Este esforço tem sido patente nos últimos anos, sendo que, em 2009, Portugal detinha 2,2% da capacidade mundial instalada acumulada de energia eólica (DGGE 2011). Contudo, apesar dos esforços efetuados no sentido de reduzir a fatura energética Portuguesa constatou-se que em 2010, a dependência energética do exterior aumentou 29% face aos valores de 2009 (DGGE 2010), o que significa que a dependência e vulnerabilidade do país se mantêm. Portugal é principalmente dependente da importação de petróleo bruto e seus derivados (81,5%), mas também depende da importação de gás natural (14%) (Figura 1).

 
Figura 1. Importação de recursos energéticos em 2010 (%) (DGGE 2010)
 

    Portugal, em 2010, importava mais recursos energéticos do que produzia (o saldo importador foi de +13,8% em 2010) e continuava a ser um país com balança comercial negativa (Figura 2). Verificou-se um aumento de 29% nas importações de produtos energéticos face ao ano anterior, que se traduziu num saldo importador de 5,561 Milhões de Euros (€) em recursos energéticos (DGGE 2010). Da análise da Figura 2, verifica-se que 2008 foi o ano em que o custo das importações energéticas foi maior, devido ao aumento que se fez sentir no preço de barril de petróleo consequência da crise petrolífera e da instabilidade dos mercados. Em 2010 existiu um aumento generalizado dos custos de importação dos produtos energéticos nos mercados internacionais face a 2009 (mas não tão elevados como em 2008), que associado à desvalorização do euro face ao dólar, fez aumentar o preço dos produtos energéticos.

 
Figura 2. Custo de importação bruta de energia entre 2000 e 2010 (106€) DGGE 2010).
 

 

    A elevada fatura energética Portuguesa resulta, maioritariamente, do peso que a importação de petróleo tem na economia nacional. Em 2010, a importação de petróleo bruto e seus refinados representava, cerca de 38,7% das importações e o gás natural cerca de 15,8%. Em 2010, o sector dos transportes tinha o maior peso no consumo global de energia em Portugal, representando cerca de 37,5% do consumo (Figura 3). Em segundo lugar, surgia o sector industrial que era responsável pelo consumo de 30,5% dos recursos energéticos consumidos e o sector doméstico representava o terceiro maior consumo energético com 17,7% do total de energia consumida, apresentando uma taxa média de crescimento anual de 1,5% entre 1989 e 2009 (Figura 3).

 
Figura 3. Consumo de energia por setor,  em 2010 (%) (INE & DGGE 2011).
 

O sector dos transportes tem o maior consumo de recursos energéticos, pois depende do consumo de petróleo. O sector da indústria também depende de várias fontes energéticas, no entanto, devido à globalização existe um controlo mais rigoroso da fatura energética, para que os produtos produzidos atinjam preços mais competitivos no mercado global. No sector residencial o consumo de eletricidade tem vindo a crescer ao longo dos anos devido aos novos hábitos de consumo, sendo que este sector depende essencialmente da eletricidade que pode ser produzida através de energias renováveis (solar, eólica, hídrica) ou em centrais térmicas.