Novos Investimentos
Dentro deste leque de oportunidades é de sublinhar a importância, no caso português, duma “articulação virtuosa” entre a energia eólica e a energia hídrica. Sendo a energia eólica extremamente inconstante, com variações súbitas da intensidade do vento que chegam a provocar flutuações de potência produtiva da ordem das muitas centenas (ou mesmo milhares) de MW, torna-se indispensável “armazenar” esses picos “imprevisíveis” de produção sob a forma de energia hídrica em barragens de albufeira, bombeando água de jusante para montante. Apesar dos sobrecustos da bombagem, que encarecem o KWh final vendido ao utilizador, esta poderá ser a “menos má” das soluções para dar alguma lógica económica à “aposta mediática” na energia eólica, que já se encontra neste momento instalada.
Mas atenção , que com a potência eólica já instalada, da ordem dos 5.800 MW, qualquer nova potência eólica a instalar, devido à sua incontrolável intermitência, exige já hoje uma triplicação dos investimentos em relação à mesma energia final efectivamente consumida pela actividade económica. Esta triplicação do investimento baseia-se na necessidade complementar de se investir em centrais hídricas de bombagem para “ armazenar “ electricidade, e ainda em centrais de ciclo combinado a gás natural que na prática se destinam a assegurar a satisfação da procura, isto é, sem o risco de “apagões”, face a uma produção eólica com flutuações frequentes de muitas centenas de MW. Para além do facto da potência eólica instalada só ser utilizada na prática cerca de 22% do tempo, o que é logo à partida um enorme sobrecusto sobre os custos financeiros utilizados (CAPEX).
É pois de sublinhar que o mix electroprodutor português está já hoje completamente desiquilibrado, com uma percentagem excessiva de renováveis intermitentes e incontroláveis (eólica e solar fotovoltaica) o que o torna extremamente incompetitivo. A sustentabilidade económica de Portugal, e a necessidade de se promover uma política séria de apoio às exportações de bens directamente transaccionáveis exigem pois que esta situação não se agrave ainda mais, e que seja mesmo rapidamente revertida.
A estratégia de aumentar a produção de energia renovável, limpa e endógena contempla a construção de novas barragens. Portugal tem ainda mais de 50% do seu potencial hídrico por aproveitar, um dos mais baixos índices da Europa. É essa sub-utilização que sustenta o Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH), aprovado pelo Governo em 2007.